Uma discussão recorrente no mercado editorial é o preço do livro. É caro? Como se chega nesse preço? Por que não pode ser mais barato?
Bem, essa é uma questão complexa. Mas é para isso mesmo que estamos aqui: para explicar!
Temos que começar do começo: uma editora é uma empresa. E, como toda empresa, tem vários gastos que não são referentes apenas ao material para a produção do livro. Temos impostos para pagar, luz, água, internet, contabilidade, advogados, demais funcionários… Daí já vem aquela despesa para apenas manter a empresa… funcionando.
Mas falando de livros: aqui na Instante, que não publica grandes tiragens, cada livro sai da gráfica com, em média, 1.500 exemplares. Para imprimir essa quantidade, precisamos do papel, da tinta, do maquinário e dos funcionários da gráfica, dos transportadores e do depósito onde os livros ficarão até irem para a livraria e, então, para a sua casa.
Nos últimos anos, com a alta do dólar e a inflação, esses custos só aumentaram. Muitas editoras absorveram durante um tempo parte dessa alta, mas chega sempre aquele momento em que as contas não fecham e o preço do livro precisa ser, infelizmente, reajustado.
Então vamos falar sobre como definimos o preço de capa de um livro. Para ele ser publicado, precisamos de: autor (claro), editor, capista, diagramador, copidesque, um time de revisores e, dependendo da obra, ainda tem tradução, ilustrações ou imagens (aí tem que pagar o ilustrador ou então a licença para uso das imagens e seu tratamento). Enquanto o livro está sendo feito, já estamos em conversa com as livrarias e distribuidoras e estamos pensando, também, na divulgação.
Pois é, depois que o livro fica pronto, temos que enviar exemplares para fazer o marketing, a divulgação, os anúncios, porque o livro precisa ser descoberto… e, aí, mais despesas. Além disso, ainda tem a parte das livrarias que fazem a venda desses livros — e as livrarias (físicas e on-line) são importantes porque aproximam vocês, leitores, do livro e também porque são um espaço de exposição da obra.
Agora vamos pegar todos esses processos e fazer uma conta.
Gastos da empresa + gastos com contabilidade + custos com a produção do livro + custos com matéria-prima e gráfica + despesas com armazenagem + despesas com distribuição + despesas com marketing + despesas com divulgação + despesas com manutenção do site + impostos + descontos das livrarias + direitos autorais (porcentagem que é calculada sempre sobre o preço de capa para a remuneração do autor) + pagamento dos funcionários + despesas com advogado. Na hora de definir o preço de um livro, tudo isso é levado em conta.
Sabe quando o valor da produção desse livro vai “se pagar"? Ao final dessa primeira tiragem. E sabe quanto tempo leva para uma tiragem esgotar? Pode levar semanas, se ele for um best-seller. Mas também pode levar meses e até anos. Esse “se pagar” está relacionado com todos os gastos listados até aqui. Então, quando definimos o preço de um livro, o valor deve refletir esses custos para que todo o investimento retorne — e que a empresa continue funcionando, claro, porque, com livro ou sem livro, as contas chegam.
O livro é caro? No Brasil, no atual contexto econômico em que a maioria da população não tem dinheiro para o básico, sim, ele é caro. Assim como um McLanche Feliz é caro. Um batom da MAC é caro. Uma blusinha da Renner é cara. Num país onde as coisas são mais inacessíveis à população do que acessíveis, o livro parece algo distante, e comprar um, então, é quase inviável. E, acredite: isso é ruim pra gente. A capacidade de compra do público é algo que sempre temos em mente na hora de estipular o preço, porque sabemos que um valor alto demais afasta o leitor. Só que em momentos como este, sem programas de incentivo à leitura, sem políticas públicas voltadas para os livros, sem a valorização da produção cultural, mudar o cenário é difícil. Mas isso é o que mais desejamos fazer.
Ariana Harwicz no Brasil
Sim, nossa querida Ariana, autora de DEGENERADO, PRECOCE, A DÉBIL MENTAL e MORRA, AMOR, vem visitar a gente pela primeira vez!
No dia 5 de agosto, às 16h, ela participa da 3ª FLIPR (Festa Literária Internacional da Praia do Forte), em Salvador, Bahia, na mesa "Do amor e outros demônios", com os escritores Socorro Acioli e Franklin Carvalho.
O segundo encontro com Ariana Harwicz acontece em São Paulo no dia 8 de agosto, às 19h, na Livraria da Travessa de Pinheiros. A autora conversará sobre seus quatro livros lançados no Brasil com os jornalistas Gabriela Mayer e Rodrigo Casarin.
DEPOIS DO FIM NA LIVRARIA MEGAFAUNA
Olha quantos eventos! No dia 19 de julho, às 19h, teremos mais um evento de lançamento de DEPOIS DO FIM! Dessa vez na Livraria Megafauna, no centro de São Paulo, e com bate-papo entre Fabiane Secches, Ana Rüsche, Maria Esther Maciel e mediação de Maria Carolina Casati. Logo após a conversa, tem sessão de autógrafos com as autoras.
Se você perdeu o primeiro evento, aproveite para ir agora! E, se você esteve no primeiro encontro, não perca esse também: o debate será com convidadas e temas diferentes!
O que mais temos para hoje?
Coisas legais sobre livros e leitura e outros assuntos interessantes que vimos por aí.
Saiu uma entrevista muito legal com Ariana Harwicz no Jornal Rascunho. O jornalista João Lucas Dusi conversou com ela sobre DEGENERADO. Leia a entrevista completa aqui (apenas para assinantes).
Literatoni falou sobre DEPOIS DO FIM lá no seu perfil! Confira aí um trechinho:
Para as autoras e os autores dos 13 ensaios reunidos em Depois do fim, um dos caminhos para a reversão do quadro apocalíptico em que nos encontramos está na imaginação. Como já deixei registrado em outra resenha, a escrita (seja ela ficção, biografia, especulação, memória, fantasia) não traduz a vida, mas a transforma na tentativa de captá-la. Nas palavras de Paulo Scott: “se tudo é linguagem [...], é no emprego da linguagem, e na linguagem acolhida e desenvolvida pela literatura, que podem estar as soluções.”
E também teve resenha de MARIA ALTAMIRA, de Maria José Silveira, no perfil Leitora Sobre Rodas.
Conhecer as histórias dessas mulheres, com todas as suas dores e lutas foi algo que mexeu muito comigo. Principalmente a história da Aleli, que só conheceu o sofrimento ao longo de toda a vida.
E quando um autor clássico continua nos presenteando com novas obras? Não, não é psicografia. Um pesquisador encontrou um poema inédito de Camões e diz que pode ter mais coisa escondida por aí. Leia aqui!
Para desopilar, momentos marcantes da imprensa brasileira:
Ê semaninha, hein? Mas ela acabou, e esperamos que você tenha um bom fim de semana. Obrigada por passar mais esse Instante com a gente! Até semana que vem. :)