Metade do ano... o que fizemos?
Último dia da pré-venda de Mitz: a sagui que não teve medo de Virginia Woolf, o que vem aí até o fim do ano e muito mais…
Já podemos decretar que estamos na metade do ano, né? Não sei como está sendo para vocês, mas nós aqui da Instante vimos a primeira metade de 2025 passar bem rápido. Lançamos 6 obras até agora, e teremos mais livros novos nos próximos meses.
Então bora relembrar o que foi novidade na Instante e ficar com gostinho de quero mais?
Começamos o ano com uma das principais escritoras norte-americanas do século 20: Elizabeth Hardwick. Em NOITES INSONES (trad. Gisele Eberspächer), as lembranças do passado mantém uma idosa chamada Elizabeth acordada durante sua internação em uma clínica geriátrica. Considerado sua obra-prima, o livro apresenta figuras reais, como a cantora Billie Holiday, que dividem espaço com pessoas fictícias, as quais por vezes se misturam à vida de Hardwick, como o personagem sem nome que alude a Robert Lowell, poeta com quem viveu um tumultuado casamento e que morreu de infarto em 1977. O romance inclui vislumbres das corridas de cavalo no Kentucky, dos clubes de jazz de Nova York, do bairro mais elegante de Boston, Beacon Hill, dos canais de Amsterdã, além de encontros com comunistas, poetas e a intelligentsia literária nova-iorquina. Ainda lança luz sobre questões que já afligiam Hardwick na época, como racismo, sexismo e pobreza.
Em seguida, foi a vez de mais um livro da cubana Elaine Vilar Madruga entrar no nosso catálogo. O CÉU DA SELVA (trad. Marina Waquil) é ambientado num cenário caribenho não especificado, em que uma velha, suas duas filhas adultas, um homem e dezenas de “crias” humanas predestinadas a uma finalidade cruel vivem em uma fazenda inóspita à beira da selva. Mas algo está prestes a desequilibrar a bizarra engrenagem que rege o funcionamento dessa família. Com uma prosa hipnotizante e visceral, além de personagens inesquecíveis, que envolvem o leitor apesar da brutalidade e da loucura que cada um deles carrega em sua mente e em seus atos, Madruga evoca Medeia para construir um universo implacável, no qual nenhuma mulher pode decidir não ser mãe e nenhuma mãe pode colocar o amor acima de suas obrigações com a selva, essa deusa faminta que permite viver em segurança em seus domínios e provê fartura, mas exige o mais alto dos preços em troca.
Para os noveleiros de plantão, abril chegou com uma joia de uma das maiores autoras de novelas do Brasil: Janete Clair, que completaria 100 anos em 2025. NENÊ BONET foi escrito originalmente em 1980 e publicado como um folhetim pela revista Manchete, e é o único romance da autora de novelas como Irmãos Coragem e Véu de Noiva. Ambientado entre o interior e a capital do Rio de Janeiro da década de 1920, conta a história de Ernestina, criada em um lar amoroso e tradicional, preparada para ser esposa e mãe. Recém-casada com Julião, rapaz de família defensora da moral e dos bons costumes, ela imagina obter afeto e cuidado, mas depara com a frieza do marido, que se ausenta por longos períodos para tratar de “negócios”. Ao ganhar um concurso de charadas promovido por uma chapelaria no centro do Rio, Nenê viaja para buscar o prêmio, e dali em diante nada será como antes. É arrastada para um jogo capcioso, em que precisa descobrir quem de fato é seu marido e qual teria sido a relação dele com Bernarda de Sá, personagem que transita pela narrativa como o espectro da mulher que Nenê jamais pensou em ser: glamorosa, lasciva e livre. Quando decide assumir um pouco da personalidade de Bernarda, Nenê tem sua sanidade questionada e arrisca tudo para se aproximar da verdade.
Maio veio com uma estreia no catálogo: SÓ UM POUCO AQUI, de María Ospina Pizano (trad. Silvia Massimini Felix), que esteve na programação principal da Feira do Livro 2025, em São Paulo. O livro conta as histórias de animais obrigados a se deslocar e a enfrentar as mudanças com as quais se deparam: duas cachorras que se refugiam após serem abandonadas; uma saíra-escarlate migratória que luta com os desvios impostos pelas luzes da cidade e seus edifícios; uma besoura recém-saída da terra que se perde e uma bebê porca-espinho órfã alimentada com leite humano e entregue a uma instituição do governo responsável pela preservação de espécies em extinção. Acompanhando a viagem desses bichos deslocados contra a própria vontade, María Ospina Pizano, importante nome da literatura colombiana atual, desenha imagens de rara beleza que perduram muito tempo após a leitura — enquanto sua escrita é contida, as cenas que cria são ousadas e sagazes. A autora oferece flashes de vida por meio dessas criaturas que existem à vista de todos sem serem, de fato, notadas, embora sejam testemunhas das feridas humanas. Quatro narrativas de deslocamento que ilustram como os animais são um mistério que os homens nunca serão capazes de compreender absolutamente, além de propor uma original reflexão sobre a migração humana e o drama dos refugiados.
E, seguindo a publicação de sua obra, teve novidade de Maria Adelaide Amaral. Este ano foi a vez da nova edição revista do romance O BRUXO, publicado originalmente em 2000. Neste livro, Maria Adelaide Amaral conta a história de Ana, escritora de meia-idade que, com o término do casamento de 25 anos, é obrigada a reavaliar sua vida. Ativa socialmente, às voltas com questões amorosas, familiares e profissionais, essa mulher racional, cansada da psicanálise, decide procurar um místico para descobrir o que o futuro lhe reserva. O encontro com o bruxo, os embates com os filhos adultos e a descoberta de uma séria doença a transformam de maneira definitiva. A sensibilidade da autora na condução da trama e na construção de uma personagem tão forte e independente quanto vulnerável cria no leitor identificação, proximidade, empatia, levando-o a conectar-se a situações e reflexões vivenciadas em sua própria história.
Para comemorar metade do ano, lançamos MITZ: A SAGUI QUE NÃO TEVE MEDO DE VIRGINIA WOOLF (trad. Carla Fortino), que está em pré-venda no nosso site com 10% de desconto e frete grátis — aproveite porque hoje é o último dia! Em uma quinta--feira de julho, 1934, Leonard e Virginia Woolf dirigiram até Cambridge para visitar Victor e Barbara Rothschild e conheceram a sagui que Victor comprara em uma loja de quinquilharias. Foi amor à primeira vista: ela se apaixonou por Leonard, que acabou ganhando-a de presente. Mitz viveu com os Woolf em Londres e Sussex, desenvolveu relacionamentos especiais com os cocker spaniels da família e os vários amigos de Virginia e Leonard, entre eles T.S. Eliot e E. M. Forster, e até desempenhou um papel vital ajudando-os a escapar de uma situação difícil com os nazistas pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Sigrid Nunez pesquisou diários, cartas e as memórias dos Woolf e, com uma boa dose de ficção, reconstruiu a vida de Mitz em Bloomsbury já em seus anos de crepúsculo. O resultado é este romance afetuoso e cheio de humor que dá ao leitor uma visão impressionante de vidas sombreadas pela guerra, pela morte, por problemas mentais, mas também pela alegria e produtividade que a pequena criatura inspirou.
Mas Instante, o que vem aí?
Quem leu APANHADORA DE PÁSSAROS pode ficar feliz, porque tem mais Gayl Jones vindo aí. CORREGIDORA (trad. nina rizzi), descoberto e editado por Tony Morrison em 1975, foi a estreia de Jones na literatura. Ambientado entre o fim dos anos 1940 e 1970, conta a história da personagem Ursa Corregidora, mulher negra, cantora de blues, no Kentucky. Ao mesmo tempo que busca conquistar espaços para desenvolver sua carreira e viver de sua arte, Ursa atravessa relacionamentos tumultuados e ocasionalmente violentos. Em uma das agressões sofridas, passa por uma histerectomia e precisa lidar com a frustração e a angústia por não ser capaz de atender ao apelo de suas antepassadas para “dar à luz novas gerações”, o que seria fundamental para continuar a tradição oral que evitaria o apagamento da realidade da vida sob a escravatura — sua família leva o nome do proprietário de escravos português que foi genitor tanto da mãe como da avó de Ursa, uma prova irrefutável das terríveis violências sofridas por mulheres escravizadas. Contar histórias, portanto, se torna a sua grande missão, e é nessa prática que ela busca superar seus traumas geracionais e as tristezas do presente. CORREGIDORA também já está em pré-venda no nosso site com 10% de desconto e frete grátis.
E já se prepare para os próximos meses porque ainda vem muita coisa boa em 2025. Vem aí Bothayna Al-Essa, autora do Kwait finalista do National Book Award for Translated Literature de 2024 e vencedora do Prêmio Sharjah de Criatividade Árabe na categoria romance, com uma história sobre a censura dos livros e da imaginação!
Teremos também a estreia de Rosane Borges em nosso catálogo e, claro, não poderíamos não ter Dinah Silveira de Queiroz, então os fãs da autora já podem ficar felizes que tem mais uma obra sua vindo aí.
Agora conta pra gente aqui nos comentários qual foi o lançamento que você mais amou até agora!
O que mais temos para hoje?
Coisas legais sobre livros e leitura e outros assuntos interessantes que vimos por aí
Bora começar com um balanço sobre A Feira do Livro? Adoramos receber vocês no nosso estande para conhecer nossos livros e saber das novidades, e foi muito bom passar esses dias na Praça Charles Miller respirando literatura. O Publishnews publicou uma matéria sobre o crescimento do evento, e olha só o que disse o nosso big boss Silvio Testa: “A Instante vem crescendo a cada edição da Feira, este foi o segundo ano em estande solo e tivemos um crescimento de 5% em relação ao ano passado, uma vitória que para nós representa o reconhecimento da marca Instante.” Leia mais aqui e confira também quais foram as obras mais vendidas no nosso estande:
E olha que belezinha a foto com todos profissionais do livro que participaram da Feira. Ano que vem estaremos de volta!
Ontem, dia 26/6, aconteceu na Livraria da Travessa do Leblon o lançamento de NENÊ BONET, de Janete Clair, em um bate-papo para comemorar o centenário da autora. Uma conversa deliciosa sobre as histórias criadas por Janete Clair com Mauro Alencar, que assina o posfácio do livro, e o escritor de novelas Ricardo Linhares. A mediação foi do jornalista especializado em tevê Jorge Luiz Brasil. Confira um pouco do que rolou!
Afonso Borges indicou O BRUXO, de Maria Adelaide Amaral, no programa Mondolivro da Rádio Alvorada. Ouça aqui!
E falando em Maria Adelaide, confira como foi o papo com Andrea del Fuego e Tatiana Vasconcellos lá na Feira!
Sandra Acosta falou sobre a leitura de O QUE VOCÊ ESTÁ ENFRENTANDO, de Sigrid Nunez. Confira no vídeo:
A Festa Literária Internacional de Paraty divulgou sua programação para a edição deste ano. A Flip acontecerá entre 30 de julho e 3 de agosto, e pela primeira vez não tem autores de países anglófonos na programação. Leia mais aqui.
Quem já deu seu aceno para 2026 foi a Bienal do Livro de São Paulo, que marcou a data da edição do ano que vem: de 4 a 3 de setembro, no Distrito Anhembi.
Já tomou a vacina? Faça como essa cã e fique protegido!
Encerramos mais uma news! Obrigada por passar mais esse instante com a gente, e até a próxima. ;)
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