A MURALHA: os 70 anos de um clássico
E mais: ainda dá tempo de adquirir o lançamento de fevereiro na pré-venda.
Ontem, 25 de janeiro, a cidade de São Paulo completou 470 anos de fundação. É, galera, houve tempos em que tudo isto aqui era mato. E sabe quem escreveu sobre essa época? Ela, Dinah Silveira de Queiroz.
Um de seus maiores sucessos literários nasceu de uma encomenda para comemorar os 400 anos de São Paulo. É o romance A MURALHA, inicialmente publicado em capítulos pela revista O Cruzeiro e depois lançado como volume único em 1954, que está completando 70 anos. Já podemos chamar de clássico, né?
Na trama, acompanhamos a aventura da jovem Cristina, vinda de Portugal para o Brasil para se casar com Tiago. No desembarque, já acontece a decepção, pois seu futuro marido nem sequer a aguarda para transpor o trajeto da Serra do Mar até a vila de São Paulo de Piratininga. O romance explora os costumes do tempo colonial, as paixões, a coragem e a violência dos primeiros desbravadores do Brasil, com muito foco nas personagens femininas, que administravam e defendiam a casa enquanto os homens partiam nas bandeiras. Mas há quem afirme que a autora foi além de destacar o papel da mulher; ela também retratou a relação carregada de submissão e inferiorização imposta por brancos aos indígenas.
Ao ser publicado integralmente como livro, A MURALHA se tornou um best-seller, recebendo a Medalha Imperatriz Leopoldina por seus méritos históricos, e Dinah Silveira de Queiroz foi agraciada com o Prêmio Machado de Assis, entregue pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. O romance também ganhou diversas traduções e foi lançado no Japão, na Coreia do Sul, na Argentina, na Alemanha e nos Estados Unidos.
Outro ponto que comprova o sucesso desse livro e sua importância na literatura brasileira é a quantidade de adaptações realizadas. A primeira ocorreu poucos anos depois da publicação, em 1958, para a TV Tupi. Em 1963, foi a vez da TV Cultura produzir sua versão. Já em 1968, Ivani Ribeiro realizou a adaptação de maior sucesso para a TV Excelsior, com 216 capítulos. Mas a que mais lembramos (e amamos) é a minissérie lançada em 2000 pela TV Globo com roteiro de Maria Adelaide Amaral, autora de LUÍSA (QUASE UMA HISTÓRIA DE AMOR), versão que está disponível para streaming no Globoplay.
Setenta anos após sua publicação, A MURALHA segue encantando leitores. Como escreveu Maria Valéria Rezende no prefácio da nossa edição (com capa de Fabiana Yoshikawa a partir das belíssimas ilustrações de Joice Trujillo), publicada em 2020, “nesta releitura mais recente, num momento da história no qual o patriarcalismo, em seus estertores, parece mais cruel tanto para as mulheres quanto para os homens, percebo e reafirmo a importância da obra de Dinah para que acreditemos na força da luta e da capacidade das mulheres e para que os varões tenham verdadeira compaixão de si mesmos e se aliem a nós para construir, agora, sim, um Novo Mundo, com a natureza e a humanidade enfim resgatadas dos desastres que nos acabrunham”. Leia A MURALHA!
Aproveite a pré-venda de EM ALGUM LUGAR LÁ FORA
Até 2 de fevereiro, vai rolar no nosso site a pré-venda exclusiva de EM ALGUM LUGAR LÁ FORA, nosso primeiro lançamento de 2024. Com tradução de Rogerio W. Galindo e capa de Fabiana Yoshikawa com ilustrações de Vítor Bravin, o romance de Jabari Asim se passa em uma região não especificada no sul dos Estados Unidos, por volta dos anos 1850, na fictícia fazenda Placid Hall. Nela, os escravizados — ou “Sequestrados”, como se autodenominam — são submetidos aos caprichos de um tirânico e excêntrico captor e nunca sabem o que pode lhes ocorrer além do trabalho físico desumano de todos os dias: um castigo brutal ou a venda inesperada de um ente querido para outro captor. Porém, o que mais fere William, Cato, Margaret, Pandora e o Pequeno Zander é a falsa crença de que são incapazes de amar. Ainda que tenham aprendido o idioma e a doutrina religiosa de seus captores — chamados por eles de “Ladrões” —, possuem linguagem e rituais próprios e desejam, a todo instante, estar “em algum lugar lá fora”, uma realidade distinta daquela em que vivem. Até que o pastor Ramson, homem negro liberto com um passado misterioso, começa a incutir em todos ideias de liberdade.
EM ALGUM LUGAR LÁ FORA é um romance surpreendente que consegue transmitir os horrores e as vicissitudes da escravidão sem comprometer a humanidade de cada personagem.
O que mais temos para hoje?
Coisas legais sobre livros e leitura e outros assuntos interessantes que vimos por aí
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Bora ler? Neste ano, a livraria Candeeiro vai abrigar alguns encontros do Leia Mulheres de Campinas, e APANHADORA DE PÁSSAROS, de Gayl Jones (trad. nina rizzi), está entre os títulos escolhidos! Vem saber mais.
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Para encerrar, que seu fim de semana seja alegre como o desse coelho.
E acabamos! Obrigada por passar mais esse instante com a gente, e até semana que vem!