Quem tem medo da literatura?
E mais: AOS MEUS AMIGOS em pré-venda e uma novidade maravilhosa da Instante para A Feira do Livro 2024
Quem acompanha o mundo literário já sabe que, no último mês, os livros sofreram diversos ataques de pessoas e instituições que parecem ter muito medo da literatura e da cultura em geral.
Para deixar bem explicado, ocorreram pelo menos três eventos que mostram isso. O primeiro foi a censura sofrida pelo autor Jeferson Tenório e o romance O avesso da pele (Companhia das Letras), que foi retirado de escolas no Rio Grande do Sul, em Goiás e no Paraná sob a alegação de conter “linguagem de baixo calão”. A diretora de uma escola de Santa Cruz do Sul considerou o conteúdo “inapropriado para crianças”, sendo que o livro, que trata principalmente dos males de uma sociedade racista, foi selecionado para a leitura no ensino médio.
Outro caso que vem se desenrolando é o do Prêmio Sesc de Literatura, um dos principais para a revelação de novos autores brasileiros. Após a leitura de um trecho do romance Outono de carne estranha, de Airton Souza, em um evento na última Flip, dirigentes do prêmio ficaram “chocados” com o conteúdo do livro vencedor do prêmio naquele ano e decidiram criar uma comissão para avaliar os romances selecionados pelo júri independente a fim de evitar que obras como a de Airton sejam premiadas. Ou seja: já querem censurar as obras antes mesmo de serem avaliadas por especialistas e premiadas.
Ainda na toada da censura, uma notícia que diz respeito à leitura dentro de presídios. Segundo uma matéria do jornal Nexo, instituições carcerárias da região metropolitana de Belo Horizonte estão barrando a entrada de livros de literatura e até de gramática. Segundo familiares que tentaram entregar livros aos detentos, a informação é que só entram livros de autoajuda e a Bíblia. Projetos de leitura em um dos presídios foram, inclusive, extintos.
Ao ler essas notícias, o que fica é: por que tanto medo da literatura? Por que histórias que representam fatos da nossa realidade, muitas vezes doloridos, geram tanta polêmica?
Podemos pensar nessa questão sob diversos pontos de vista: sociopolítico, cultural e educativo. Já somos um país de poucos leitores, e parece que, para uma boa parcela de políticos e profissionais que deveriam promover a expansão da educação, o plano é acabar com tudo o que envolva a reflexão e a sabedoria proporcionadas pela literatura. Não queremos dizer que apenas quem lê tem acesso a essas coisas, mas, sendo a leitura uma das bases do desenvolvimento de uma pessoa, essas tentativas de censura insinuam que muitos querem que o Brasil seja um país ainda menos letrado.
A magia dos livros consiste na capacidade de abarcar inúmeras possibilidades. Quem lê entra em contato com contextos bem diferentes do seu ou pode se ver representado ali. Expande a capacidade criativa, o raciocínio e, principalmente, a empatia. Quem lê pode sonhar com o diferente e, a partir disso, fazer movimentos no mundo real para tornar realidade seus objetivos. Livros de literatura, história, divulgação científica, reportagens, pesquisas e crônicas são documentos importantes da nossa sociedade, fundamentais para nos situar em nosso tempo. É disso que o povo que se choca com termos de “baixo calão” numa obra literária tem medo: da autonomia que o conhecimento proporciona.
Não podemos deixar que notícias como essas nos desanimem enquanto leitores e profissionais do livro. Sentimos, sim, que uma ameaça ronda o setor cultural nos últimos anos, com retrocessos e pouco fomento à educação e às artes. Mas nossa maneira de lutar contra isso é continuar fazendo o nosso trabalho: publicando livros, apresentando novos autores, difundindo conhecimento e beleza através das histórias. Literatura livre!
AOS MEUS AMIGOS em pré-venda!
Em abril chega às livrarias a nova edição de AOS MEUS AMIGOS, de Maria Adelaide Amaral, com carta inédita da autora aos leitores, prefácio do jornalista Mauricio Stycer e capa de Fabiana Yoshikawa a partir de ilustrações de Karina Freitas. Até o dia 31 de março, você pode garantir seu exemplar na pré-venda exclusiva em nosso site com frete grátis!
AOS MEUS AMIGOS é um retrato da geração que viveu intensamente as décadas de 1970 e 1980 e, no início dos anos 1990, deparou com a frustração dos ideais cultivados na juventude, o avanço da aids, a queda do Muro de Berlim e a disputa feroz na primeira eleição pós-redemocratização. Na trama, a trágica circunstância do suicídio de Leo mobiliza a reaproximação de sua antiga turma — Lena, Lúcia, Bia, Beny, Raquel, Caio, Adonis, Pedro, Pingo, Ivan e Tito —, além de Flora, a ex-esposa, e do próprio Leo, presente nas memórias evocadas pelos outros.
Em um período de quase vinte e quatro horas, entre velório, enterro e deslocamentos às casas de Leo, onde alguns esperam encontrar um manuscrito deixado por ele, e de Lúcia, onde os amigos se reúnem após o funeral para beber, dançar e “exorcizar” o sofrimento daquele dia, conhecemos o passado do grupo, suas dores e alegrias, seus fracassos e desilusões. Nesse reencontro, predominam rancores e divergências (sobretudo políticas), mas também um imenso e profundo afeto que se sobrepõe às diferenças.
O que mais temos para hoje?
Coisas legais sobre livros e leitura e outros assuntos interessantes que vimos por aí
A Feira do Livro, que acontecerá de 29 de junho a 7 de julho em São Paulo na praça Charles Miller, anunciou os primeiros nomes da programação do evento! E olha só a novidade: dois autores aqui da Instante estão entre os confirmados. Pois é, o norte-americano Jabari Asim, autor de EM ALGUM LUGAR LÁ FORA (trad. Rogerio W. Galindo), e Maria Adelaide Amaral, autora de LUÍSA (QUASE UMA HISTÓRIA DE AMOR) e AOS MEUS AMIGOS, vão se encontrar com os leitores por lá. Estamos muito felizes!
E bora reforçar que na semana que vem tem encontro do Clube de Leitura da livraria Martins Fontes Paulista, que vai ser sobre o romance EM ALGUM LUGAR LÁ FORA. Clique no post para saber como participar!
Ainda no tema censura, esta matéria mostra como tem aumentado os casos de livros banidos nos Estados Unidos, e muitos deles são obras com temas LGBTQIAP+ e raciais. Vem ler!
O escritor Wagner Barreira, autor de DEMERARA, bateu um papo com Afonso Borges no podcast Mondolivro. Vem ouvir!
Para quem está procurando uma cafeteria aconchegante para ler e comprar livros, o Estadão preparou uma lista de estabelecimentos aqui de São Paulo que unem o bom cafezinho com literatura. Leia mais aqui.
Falando de lugares aconchegantes, acabamos de desbloquear um novo sonho: ter um cantinho de leitura como este.
E ficamos por aqui! Obrigada por passar mais esse instante com a gente e até a próxima semana!